VAMOS, AMIGOS, NO ESCURO DA NOITE, BUSCAR NA GROTA O EMBLEMA DE SANTO REIS!

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No sábado, último dia onze de janeiro, mais uma vez, sucedeu o recolhimento da bandeira sagrada dos Santos Reis Magos na capelinha da fotografia inspiradora que inaugura esse relato. 

O perfil que aparece na porta é de um de nossos mais fiéis foliões. Está carregando, como de praxe, o violão, com que há muitos anos nos embala a todos nesses momentos de encontro, alegria, festança. É jovem ainda, e mais, trata-se de nossa maior promessa de assumir e depois passar adiante o ofício milenar de puxador do canto da folia. Há um ano atrás, porém, ele, a família e a comunidade, todos nós vivemos momentos difíceis depois que o "cumpanhêru bão" foi diagnosticado com uma doença grave no coração. Fez cirurgia, implantou uma válvula mecânica e agora está se adaptando às limitações de uma nova vida. Na certa, no momento da foto, estava lá, assim só, na intimidade, agradecendo ao padroeiro forte do lugar pela graça recebida. 

A data desse Santo único que são três Reis, o chamado Santo Reis, é para mim especial por conta de ser também a de meu aniversário.

Aos fundos, na imagem, notem, aparecem os últimos vestígios do azul do entardecer e acima, perfeitinha, também solitária, o que é aquilo, a estrela guia? 

O recolhimento deveria ter ocorrido uma semana antes mas o derradeiro rito da folia e a festa subsequente foram adiados por causa de uma temporadinha de três ou quatro dias de chuvas intensas que caíram na altura do seis de janeiro. Essa benção nos deixou a todos muito gratos aos céus, pois o veranico já estava sufocante e a ponto de arruinar de vez as roças de milho e feijão pra todo lado. 

Nesses limites sul dos sertões semi-áridos não se padece tanto com a seca como nos estados do nordeste, mas o problema tem se agravado. 

Agora o império do sol retoma seus domínios, daqui até além pra riba da Bahia, e, como de costume, faz um calor insuportável. Seis da manhã, abro a janela, a luz já está estatelada, vejo ao longe, na praça, os passantes que tão cedo buscam o que resta, nas sombras dos edifícios, do frescor noturno. 

Curiosamente, ao fim do dia, ventos frios pegam de surpresa a maioria que veio sem agasalho para o folguedo em Terra Cavada, afinal, é Minas, é montanha. Os ares costumam correr mais soltos aqui nesse planaltinho onde está o centro cerimonial. No último dia do giro da folia, duas semanas atrás, nas grotas, sufocamos.

Chego à tardinha, antes da aglomeração, com tempo para prestar os cumprimentos a João da Eva, Ti Zé, Paulino e os outros fiéis foliões, os primeiros a chegar, como sempre. 

Mais tarde, por volta das nove, os faróis dos carros apontam à distância na estrada, levantando nuvens de poeira, vindos lá do asfalto, das altas chapadas. A gente do lugar também vem chegando de moto, a cavalo, a pé, desde baixo, da noite, das trilhas, e então começa a juntar povão em torno do conjunto bar-salão de dança. Nessa altura estou aí bebendo e papeando com os amigos que chegaram de outras comunidades, alguns que não vejo há anos. 

Mas, entanto se joga conversa fora, precisa ficar atento. Assim que percebo quando o grupo dos maiorais baixa do monturo de terra onde está o templo, deixando Lucinho só pra trás, atravessa o campo de futebol e, passando ao largo da área iluminada, escorrega sorrateiro para o breu, vale abaixo. Saco a foto do devoto solitário e, sem mais vacilar, parto no encalço, já sei, é hora, estão indo na direção da casa de Tia Luíza, irmã de João e Zezé da Eva, mas miram outra, mais acima, onde a bandeira estacionou, há duas semanas. 

O sobrenome não é o do papel, Eva era a mãe dos três. É muito comum por aqui, alguém de antiga geração é figura central e acaba virando apelido familiar. Não conheci Eva, infelizmente, mas ouvi a seu respeito algumas boas histórias. Foi na certa pessoa marcante para legar assim seu nome aos filhos. Alguns netos ainda fazem questão de mante-lo: Tone, Tião, Zé de João da Eva, assim se chamam, adicionando, à fama da vó, a do pai. 


Com pouco, eu e os homens estamos mergulhados na total escuridão. 


Embora vamos, um cão, João, Zé, Joaquim, mais eu, detrás do flash do aparelho celular:


No caminho, não falta diversão, somos brindados com as tolices de Joaquim de Virgínia, que aparece na foto de casaco vermelho, meio imerso na noite. Ele arranchou na casa de Tone durante toda a folia de Reis desse ano. Joaquim é das roças de Campo Alegre e não teria como estar indo e vindo todas as noites para seguir o cortejo da folia, mas isso nunca foi problema, sempre encontra um lar caboclo que o acolha pois, apesar de suas tantas doiduras, é apenas um crianção, alto astral e no mais inofensivo. 

Abaixo seguem algumas imagens que fiz ao longo dos anos do impagável personagem: 



Que ninguém se engane, o palhaço nato é peça fundamental na engrenagem complexa desse sacro-carnaval que é a "fulia". Além de servir de alvo das zombarias e de todo tipo de brincadeira, o que dá pano pra manga, Joaquim ajuda muito os corais de quatro vozes, sustentando o tom da requinta, cantada muito alta, coisa para poucos. 

Na imagem abaixo, de dezenove de janeiro de 2003, o primeiro é o puxador do verso, os do meio, João da Eva e Ti Zé, os chamados "contraltos", e o último, ele, Joaquim, o tenor. Os que não são seus conterrâneos e desconhecem o rol de apelidos que o sujeito tem em Campo Alegre, para diferencia-lo dos homônimos locais, podem chama-lo de "Juaqui da Riquinta". Vê-se, é um homem rico de identidades.


"Cantá riquinta" é mesmo para virtuoses, exige esforço dobrado, muitas horas somadas, um pouco aqui, um pouco ali, na longa ladainha de louvor à bandeira, e também nos cantos do "caboclo" e do "nove", de casa em casa. Quantas vezes eu vi Joaquim afônico ao final dessas nossas duras, vibrantes, inesquecíveis jornadas! Sendo uma tonalidade rara e não havendo nesse ponto do vale do Fanado mulheres que a sustentem, o que ocorre não muito longe, por exemplo, em Bem Posta ou Vendinhas, sempre é bom ter à mão um "riquintêru" a mais, em caso de necessidade. Na falta deles, improvisam com falsetes mas o efeito não convence; os puxadores, mestres poetas exigentes, não apreciam, sobretudo aqueles que viveram um longo passado em que "cumpanhêru bão", de pulmão forte, maneiro no álcool e com senso de compromisso, era o que não faltava.

Que precioso ele aparece na próxima imagem, entre margaridas, doze anos mais velho, em vinte de janeiro de 2012. 


Como nos muitos anos em que vagávamos com as folias de São Sebastião do Buriti, Campo Alegre e Coqueiro Campo, lideradas por Ti Mané, esse Joaquim da tal Virgínia, sua mãe, continua o mesmo, daqui pra lá, por todo lado, como um autômato inesgotável: dança sozinho, agacha como um camelo rebolando até o chão; muito elástico, torce suas pernas enormes até leva-las para trás da nuca ou chuta trave superior de gol de campo de pelada; sempre a cutucar braços clamando atenção, dá repetidos e exagerados apertos de mão molhada de suor ou fala gritando até cuspir na boca da gente; espera sofregamente como um cão jovem e inquieto que alguém lhe encha o saco para que possa ir para o centro da cena e assumir seu papel principal de bobo da corte e por aí vai... Estando bêbado então, entre bêbados, nem se fala!, vai ficando enfezado com os rapazes mais inoportunos, se descontrola, chega a babar de raiva, enfim, um verdadeiro espetáculo! 

Em dezessete de janeiro de 2009 nos brindou com uma palhinha de seus poderes de contorcionista, como vemos no seguinte flagrante:


Na data do próximo registro, dez de janeiro de 2016, na borda do salão de forró de Terra Cavada, ele está mais careca, mais tonto de pinga e mais radical em suas manobras:


Todo esse show tem, da parte da platéia, sua dose de perversidade e pode incomodar certas sensibilidades pouco acostumadas ao modo caboclo meio bruto de ser. Mas qual o quê!, é só alvoroço de vida humana, no dia seguinte está tudo zerado, coração da paz cotidiana, podemos começar de novo. 

No retrato seguinte, de quatorze de janeiro de 2004, Joaquim aparece, ao lado dos graves e respeitosos senhores da folia de São Sebastião do Buriti, igual entre iguais. 


Porém, pensemos, se esse homem, dito de "necessidades especiais", vivesse numa de nossas grandes metrópoles atuais, em espaços mais restritos, onde estaria sujeito a regras mais rigorosas e privado dos aprendizados espontâneos que tem nesses sertões, seria, acredito, muito mais infeliz, entupido de remédios psiquiátricos, quem sabe, muito mais oprimido, mais inerte e apático, mais fraco e doentio, talvez. Nesse ambiente rural e de intensas relações sociais, porém, Joaquim é conhecido por um mundo de gente, com quem interage nas mais diversas situações, na casa, no campo, nos povoados e pequenas cidades próximas. Sua "bobajada" costuma ser tolerada até o limite pela maioria e se está sóbrio, em circunstâncias cotidianas, é tratado muito naturalmente, como pessoa "normal". Trabalha na roça e em outros diversos serviços pesados, o que o faz rijo e resistente como outro sertanejo qualquer. Tem seus conhecimentos de agricultura e criação de animais. Também constrói instrumentos musicais simples, de madeira e metal, muito bem acabados. Sua especialidade é o reco-reco. 




Na seguinte fotografia, de quinze de janeiro de 2013, o pau pra toda obra atraiu o galego dono da casa para o lado de fora, mod' os dois cantarem um duetinho sem maiores consequências, pois nas primeiras horas da manhã o barco da folia costuma estar vazio de gente e um tanto desanimado. Isidro (esse seu nome), topou o convite, claro. Aí estão:


Joaquim participa ativamente das folias e das festas e se sente nas nuvens por exercer funções que, em sua mente, adquirem importâncias exageradas. Além disso se gaba de ser raizeiro, daí um de seus tantos apelidos, Joaquim da Miçanga. Chamam miçanga a uma espécie de garrafada onde vão ervas, raízes e cascas de árvores curtidas na cachaça, com supostos efeitos medicinais. Nas festividades, traz sempre o elixir numa bolsa de couro a tiracolo, grudada ao corpo, e o reserva apenas à "diretoria", na qual, com muito orgulho, me inclui. Ah, sim, ele se acha também um poderoso rezador e gosta de contar o causo do dia em que parou a bala de um revólver com o poder sobrenatural de suas mandingas, evitando uma terrível cena de assassinato. 

Se pedimos, ele dá aula, explica como tudo funciona, não guarda segredos para ninguém, ou ao menos não os guarda para nós, os "grandes". Para os outros, a turba que o perturba, sim, claro, mas não há quem não conheça suas manhas e toda essa movimentação "secreta" acaba virando motivo para mais pilhéria e pentelhação. 


Apesar do breu fechado, o compasso do grupo é forte e socado, marchamos como em plena luz, sem receios ou hesitação. Enquanto isso, eu e Joaquim de Virgínia conversamos, lembrando dos bons tempos de Ti Mané, de seu jeito impaciente e perfeccionista, de seu humor ácido, de suas cantigas finas e apaixonadas. Olha ele aí:



Recordamos os famosos pousos de Ci, onde o mestre de versos requintados sacava sempre um caboclo novo em homenagem à jovem e bela Helena, filha mais velha da casa, mulher com quem mais sonhava e em quem, sabia muito bem, jamais encostaria um dedo sequer. Acontece assim por muitos anos, até que a moça vai embora pro mundo em busca de oportunidades e Mané passa a dedicar seus louvores ao dono da morada, como no registro seguinte, de quinze de janeiro de 2003. 



No próximo, sete anos mais tarde, atuando como procurador, Ci cumpre, orgulhoso, seu dever de carregar a bandeira do Santo Sebastião pelos campos até a próxima parada.


A noite é fechada, mas já vemos ao longe as luzes do pouso da bandeira. Todas as vezes que eu ouso cantar um pouco para meus velhos amigos do sertão, sinto que causo uma certa estranheza, talvez porque tal atitude quebre com minha postura usual, séria e questionadora, mas Joaquim de Virgínia não tem ideias na cabeça, eu sei, e não vacila quando dou o tom, se achega, aproximando os ouvidos, no gesto característico dos cantadores locais quando alguém se propõe organizar um coro de vozes. Tão logo se situa, posiciona a requinta uns tons acima, a meu serviço e, como aprendeu a fazer de menino, tenta acompanhar, pegando carona no verso: “si eu cantá essi cabôcu, mas êeeee Hilena u quê qui é qui ocê tein, aiiiii... Pra rôbá amô duz ôtr' ieu ach' qui issu num convéééin... Si ieu dexá di ti amá Hilena eu num pretêndu mais ninguéin, aiiii...”

Claro que João da Eva, ali ao lado, está ouvindo tudo a seu modo, ou seja, de verdade, profundamente. 



Por fim, quando acabamos, espera uns segundos e baixinho, em tom carinhoso, como quem falasse só para mim, comenta: “ieu nunca tinh' ovid' a vóis du sinhô...” É isso mesmo, o mestre chama o discípulo de "senhor". 


Que lindo isso é, não?! Parece estar dizendo que me viu abrir a boca pela primeira vez, mas claro que não, a voz de que fala é a voz de essências, do poeta hipnotizador, letra-e-música que agem conjuntas, pulsantes, furando barreiras da mente e do coração. Quem disse que o lavrador iletrado não entende de literatura, ô dó!


Esse cavaleiro suave embora em riste, altaneiro, de olhos enormes e perspicazes, que exalam inteligência sóbria porém malandra, de palavra pouca e juízos sutis de conciliador, é capaz de pousar na beirada de uma festa barulhenta dessas, sentado ou mesmo de pé, botar a mão aberta na cara e ficar vacilando por uns minutos entre o dormir e o meditar, como aparece na seguinte foto, histórica, que fiz dele em quatorze de janeiro do ano passado durante a folia de São Sebastião da comunidade de Inácio Félix:


É uma das melhores almas que encontrei em minha vida e já me ensinou algumas boas lições na arte da convivência humana, em que é para lá de experimentado, estando desde sempre assim imerso em vida social vivaz e diversificada, em Terra Cavada e outras terras das redondezas, onde é muito conhecido e respeitado. 

Ainda careço de me assentar com ele e conversar sobre isso, sobre o número enorme de pessoas com quem ele travou conhecimento ao longo de seus oitenta anos muito bem vividos.

Entrego a João, em mãos, a tal foto em que aparece assim nessa postura típica dele. É a manhã da festa, na feira de sábado de Minas Novas, onde encontro o amigo junto a Paulina, sua esposa, na banca em que vendem, entre outros produtos, verduras, legumes, doces, farinhas, conforme a temporada. Ele mira o novo retrato demoradamente... Então solta essa: "é rapá, ocê sempr' acerta, mas êssi ânu num sei não, ieu ach' qui vô scondê essa fiúra!” Claro, não deixo passar, aconselho que ele oculte o monstrengo debaixo do colchão, ou seja, a tirada ácida do "véiaco", sincera ou fingida, eu viro em provocação. Como esperado, João pega a dica no ar e rebate de pronto, faz o gesto de ir buscar com o dedo em pinça, como a dizer "tá bão, ieu vô lá dá ua cunfiridinha di vêis in quând', mais mantên' u trécu 'scundídu du réstu du pôvu!" Brinquei assim justamente porque sei que ele é um sujeito polido demais e fiel aos bons companheiros demais para ser capaz de danificar a foto. Por fim, falando sério, acrescento: "mas todo mundo que viu essa fotografia na cidade achou maravilhosa, siô, enxergaram nela o próprio retrato da experiência e da serenidade!" Paulina e Tone estão presentes, entendem, concordam comigo. Mas ele insiste: "não!, aaah... não!"

Na casa do vale, iluminada, onde por fim chegamos, o clima não podia ser mais agradável. Bate papo, vinho gelado, café quente, fartura de biscoito. Aos poucos vem chegando mais gente e quando é bastante, formam-se os times para cantar e dançar. Já se sente a brisa mais fresca que, pouco mais tarde, ia nos surpreender de volta ao centro de cerimônias do planalto, no ato do "recoiimêntu da bandêra", que marca o fim da folia.

No devido tempo, o caixeiro vai para fora, aperta os couros do instrumento, afinando esticado, alto, testa umas batidas, como quem não quer nada. Não parece, mas é o primeiro sinal: "vâmu lá minha gente, cabô a folga!" Quando por fim se endireita, bota a alça no ombro, toma ares decididos, acelera o compasso do tambor, despertando a metralhadora, não dá mais para esperar, tempo de despedida, o dono da casa tem que pegar a bandeira, trazer até a porteira e entregar a quem vai puxar, em procissão, todos de volta para o epicentro da festa.

No meio do caminho, alguém manda a tropa parar. Ali ficamos por alguns minutos, em silêncio, reunidos, na escuridão. Creio que enviaram um mensageiro na frente para que ordenasse que os sons mecânicos fossem desligados e todos se calassem lá em cima. 

Sobre o portal da igreja há uma faixa que fotografo no dia seguinte e conclama a todos a respeitarem tais momentos de maior introspecção. É uma bela estampa e ilustra perfeitamente o sentido de coesão grupal de que falo. 



Interessante o modo como as pessoas se dividem, nessas horas. 

Alguns permanecem o tempo todo ligados ao núcleo festivo fogoso. São os farristas, sempre rondando o boteco e o salão de prosa, flerte e forró. Outros gozam, como eu e meus velhos amigos, a diversidade de experiências e ambientes que só a corte foliã proporciona, vão e voltam, entram na igreja e saem, descem ao bar, bebem, circulam em várias rodas, mas no momento certo descem ao vale, a sós ou em grupos, a tempo de buscar o emblema santo, rezar, saborear quitutes no clima acolhedor do "pôzu", ouvir e cantar caboclo, dançar o último nove na varanda antes de partirmos juntos, todos, pela estrada, recentrados, no escuro, batendo poeira, cascalho e caiau de quartzo, sem senso de sacrifício, ao contrário, ninguém acende uma luz sequer de lanterna, porque assim é o "Reis", que prazer indescritível sentimos nesse momento mágico, de aconchego, colados, calados, invisíveis uns aos outros, um feixe muito simples de almas, nós, velhos e jovens, o núcleo sentimental da folia, que compreendemos a fundo as forças complexas que movem o ritual, do começo até agora, em seu clímax, que só é clímax porque produziu sua energia própria assim, aos poucos, de forma intimista, curtida, compassada. 

Comentários

  1. As lembranças me remeteram às folias das quais eu participava em Valo Fundo, um pouco mais pra baixo no caminho do Val. Os personagens, os momentos, a profunda espiritualidade que emana de tudo, e o grande amor que sentem por nós, estrangeiros nesse mundo simples e complexo ao mesmo tempo, só poderiam ser expressos por um mágico da palavra como você . Sobre os nomes, na minha folia também tinha um personagem de nome incrível: Salvador de Zé da Zu

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