EU, LUC PEREIRA, LA PLATA E O RISCO OCULTO NA ESPECIALIZAÇÃO DE FUNÇÕES E SENSIBILIDADES



Na sociedade ligada à terra, a sociedade dos índios e dos camponeses, o patrimônio tecnológico e cultural é limitado, mas está de um modo ou de outro acessível a todos.



Por outro lado, em nossa sociedade eletrodomesticada, os meios materiais, técnicos, artísticos, produtivos, se desenvolveram, se especializaram e se refinaram como nunca na história da humanidade. 

Apesar disso, é triste pensar que o acesso a meios tão vastos está limitado a determinados grupos de privilegiados e que esses privilegiados acabem sendo, em alguma medida, vítimas da própria especialização, como procuro aqui demonstrar. 

Nós que somos os moradores da cidade, do burgo, nós os burgueses, nos capacitamos para sobreviver na selva de pedra que criamos e habitamos participando de processos longos de aprendizado institucional, mas todo mundo sabe que a porta do ensino especializado de qualidade está fechada a quem não tenha os recursos para se formar nos diversos campos em que se praticam os ofícios de alto nível da vida moderna. 

Demora muito e é muito caro produzir um especialista de alto nível.

Nós burgueses nos especializamos demais e na medida em que nos especializamos, vamos conquistando um lugar ao sol e nossa sobrevivência fica garantida. 

A partir daí, parte considerável de nossas faculdades físicas, mentais e emocionais se volta para o exercício da profissão específica, deixando à sombra toda a infinidade de modos de fazer que o mundo atual, por sorte, oferece para quem se disponha e tenha recursos para aprendê-los na teoria e na prática. 

Uma das coisas que mais me incomoda no brasileiro mediano é que, nem bem o sujeito conhece uma pessoa, vem aquela coceira e, inconveniente, pergunta pra ela ou ele: "você é o que"? Notem, ao invés de "você faz", usa "você é", supondo a priori que seu interlocutor, um completo desconhecido, se confunde com a profissão que escolheu. Se esse "outro" fosse eu, eu responderia: "aaaah, deixa eu ver, sou... clarinetista?, talvez, pensador não institucional, escritor-black-blog, antropólogo amador, roceiro de fim de semana, cozinheiro de mão cheia e de mão vazia, oleiro- tijoleiro-escultor de terras, ótimo pintor de brincadeira com criança, fotógrafo-cinegrafista metido a besta e estudante velho de Kung Fu, cervejeiro light, pai virtual, etc." Mas não, é claro que não faço isso, coitada da pessoa. Para os burgueses eu digo em resposta à pergunta fatal, apenas, "sou servidor público" (ou seja, sirvo arte ao público), e, para os sertanejos, uso o "sou fotógrafo", resolvido. É que além disso tudo eu também sei ser careta, de esperto posso sem culpa bancar o normal. Se dissesse a verdade, pensariam: "mas só pode ser doido!", o que também não deixaria, em alguma medida, de ser verdade. 

O fato é que são vários os riscos implícitos nesse senso comum muito restrito: um enorme desperdício de vida e talento que produz rotina estreita e tediosa, pequenez de alma, infantilismo, materialismo crasso, ou seja, becos sem saída. 

Não raro um sujeito se encontra totalmente sem meios de sobrevivência simplesmente porque perde seu emprego remunerado, algo que foi sua fonte única de renda, de vida, por toda uma vida. Como aprendeu a fazer, embora muitíssimo bem, uma só delimitada coisa, essa super habilidade restritora age também como barreira para novos aprendizados. 

Em suma, a sociedade humana enfrenta, no presente, um paradoxo infernal: as massas estão ficando tanto mais limitadas em termos culturais quanto mais diversificadas em termos potenciais.

Bastaria universalizar essas potencialidades e estaria tudo resolvido, criaríamos as bases de uma era de ouro do conhecimento e da paz, mas não é fácil chegar nesse ponto ideal em virtude do funcionamento automático mesmo da estrutura desigual, injusta e catastrófica.

Podemos evitar de alguma forma que, em termos estatísticos, o progresso espiritual das grandes populações aglomeradas siga sendo inversamente proporcional ao avanço das artes e das tecnologias?

Tenho sérias dúvidas, até porque a imbecilização coletiva foi por diversas vezes e continua sendo a maior ameaça ao magnífico legado cultural da humanidade. A diferença após as revoluções industriais e sobretudo desde a segunda guerra mundial é que o risco envolve agora o planeta inteiro.

Esse dilema não tem solução e levará em breve a humanidade ao impasse fatal. O mundo, os animais e Deus, claro, sobreviverão aos efeitos devastadores da praga, já sobreviveram a cataclismos muito piores, estão acostumados, a Terra terá chance de produzir novamente no horizonte de milhões de anos alguma outra espécie de vida inteligente e quiçá mais promissora a partir de amebas, baratas ou ratazanas.

Mas, se pensamos bem, veremos que o paradoxo, embora insolúvel, tem uma chave de entendimento muito singela: la plata, o dinheiro, eis o núcleo diminuto e duro do gigantesco embroglio. Sim, o problema e a solução encerram-se dialeticamente nesse negócio muito simples, do tamanho da moeda número um de Tio Patinhas: o dinheiro, meio comum universal de intercâmbio comercial. O dinheiro é uma resultante inevitável da crescente diversificação de modos de produzir e comerciar entre comunidades humanas e o lento desenvolvimento da forma-moeda (não se trata de uma invenção, com datação e autoria determináveis) caminha a par com essa diversificação mesma. Se antes eu só podia trocar uma alpaca por duas barras de sal ou cem quartas de milho, agora, por tantos cobres que o tenha, posso pagar por um universo a princípio ilimitado de serviços e de coisas. É algo espantoso, ou seja, ao mesmo tempo mágico e estarrecedor, o apocalipse já se vê no horizonte mas a salvação cabe na planta de cada mão.

O pior subproduto humano desse processo pode ser representado pela conhecida fábula do Rei Midas. Tudo o que o burguês padrão toca vira ouro, o ouro é gelado e sempre o mesmo, e assim a máxima riqueza de possuir torna-se a máxima pobreza de existir, Midas já não pode mais experimentar em sua plenitude o pisoteio descalço da terra, a degustação pura e simples da água, do mel, da maçã ou o conforto espiritual de outra carne. Se vivo um modo estrito de fazer-ser para produzir o meio impessoal com que em tese posso adquirir já pronto tudo o que não preciso ser-fazer, resulta em que acabo me tornando, pouco a pouco e sem perceber, pouco mais que um nada. 

Para começar a mudar essa tragédia, eu recomendo a quem possa uma frequência mais costumeira ao Youtube.  

Claro, em matéria técnica jamais será possível dispensar a aula presencial e o experimento físico, mas, para quem gosta apenas de apreciar ou aprender, o Youtube está repleto de vídeos de aulas teóricas e práticas a respeito de todo tipo de atividade. Algumas oficinas filmadas possuem fortes raízes na tecnologia tradicional, outras são um misto entre o antigo e o novo. Impressionante a qualidade técnica e o bom gosto de muitos desses vídeos caseiros, dá-se uma tecnologia e a genialidade se apropria dela, olha o milagre acontecendo!

Ontem mesmo, fiquei uma hora e vinte e cinco minutos acompanhando passo a passo o serviço de um gigante ruivo barbado que não abre a boca durante toda a filmagem, então não sei se é escandinavo nato, franco-canadense ou galego gaúcho e nem fui procurar saber, o que importa são as imagens. Venho notando que os ferreiros trabalham calados mas os ceramistas falam muito, é curioso, deve ser questão de concentração, um deslize do forjador e tem-se um dedo esmagado ou uma queimadura de segundo grau na contramão. O homão possui uma oficina de ferragem incrivelmente bem fornida em maquinário e aparatos, barulhenta, caótica, suja, bagunçada, ou seja, um sonho, exatamente como um atelier de metalurgia deve ser. A edição, muito bem feita, encerra, de forma resumida, lúdica e rigorosa, todo o passo a passo complicadíssimo para se forjar uma espada de aço linda de verdade. A diversidade de implementos, instrumentos e máquinas que utiliza é impressionante: dois fornos que liga e desliga, conforme a atividade, soldas, prensas, martelos mecânicos e manuais, lixas e polidoras motorizadas enormes que incidem em ângulos diversos sobre o metal, cavaletes, bancadas, bigornas, entre outros. Usa também papéis de molde, réguas, compassos, além de ganchos que prendem tábuas de madeira para endireitar, ao fim do processo, a lâmina mil vezes encandecida, mil vezes macetada antes de chegar àquele ponto. Todo esse show de pragmatismo me encanta tanto quanto ou mais do que juntos o livro e o filme de Alice no País das Maravilhas. 

A observação da rotina dessas oficinas, artesanais ou artesanais com recursos industriais, na certa me fascina mas também é ótima para me transmitir calma, aquela sensação, talvez, de segurança e paz de espírito de que nos privam as tensões de quem vive ao largo das grandes cidades. Pode ser também o calor da forja, o abrigo de concentração laboral, trabalho e amor, amor pelo trabalho, por mais pesado e estafante, o conforto íntimo do dever duro cumprido de peito aberto, com vigor, decisão e precisão, enfim, tudo aquilo sem o que a obra, a vida esmorece, titubeia e decai.

Voltando então, nós burgueses, desde que aprendemos a fazer especialmente algo que nos dá posição social, prestígio e la plata para pagarmos pelos produtos que não produzimos e pelos ofícios que não dominamos, vivemos mais ou menos no automático, acreditamos que não necessitamos mais ou mesmo que somos incapazes de aprender novos modos de sentir-pensar-produzir-fazer.

Para piorar, nossa formação tectop nos torna muito pragmáticos, acabamos acreditando, por exemplo, que somos incapazes de dar vida a objetos da imaginação, uma cantiga nova, um gesto coreográfico, um instrumento inusitado, uma esquisitice qualquer em ferro, madeira, cerâmica, ou seja, acabamos acreditando que somos incapazes de criar algo, em sentido amplo, com o espírito muito próprio de nossas mãos.

Algo lamentável também que não ocorre no sertão caboclo ou índio mas acontece em nosso mundo urbano e tecnológico é a divisão definitiva, inflexível, que muitos de nós fazemos entre o verdadeiro e o falso, o real e o imaginário, o pragmático e o estético, a ciência e a arte. Nosso dia a dia é tão dedicado ao puro econômico, à mera vida prática, que acabamos acreditando, por uma ilusão realista fatal, que não temos necessidade de vivenciar a esfera fantástica do contador de histórias ou a vitalidade dionisíaca do poeta folião cantador ou o virtuosismo intimista do tocador de gaita.

É deveras uma grande infelicidade!

Infelicidade que, contudo, felizmente, pode ser superada, se dedicamos recursos e tempo para um destino criador mais aberto, diverso amador. É possível, basta a princípio pensar que é bom ou, antes, necessário.

Acho realmente uma lástima que a especialização profissional, que nos capacita para ganhar dinheiro para pagar pelo serviço de outras especialidades, nos mantenha assim tão limitados em termos de aventura e experimentação de modos de saber, de sentir e de fazer. 

Os exemplos das roças do Jequitinhonha que estou trazendo aos poucos aqui para vocês, provam, com fartura, que tudo poderia ser diferente se vivêssemos mais conectados à terra, à comunidade produtora da vida e aos velhos processos artesanais. 

Veremos, com os sertanejos, que produzir um artefato, um artefeito, um pote ou uma boneca de barro, uma esteira de junco, uma caixa de guerra bela e rústica, uma canção simples mas substanciosa para o giro da folia, veremos que experimentar o modo de fazer tecno-artístico não é assim nenhum bicho de sete cabeças como parece ser. Em nosso mundo, somos levados a acreditar num absurdo, isto é, que as artes e outros saberes são coisa de gênios especializados em criar coisas malucas e que eles estão fora do alcance do homem prático comum. 

Isso é insano, isso não é humano, esqueçamos de uma vez por todas dessa bobagem!!

Há quem leia essas páginas e possa se perguntar: mas porque esse sujeito então não vai viver lá no sertão peito nu cabelo ao vento como um pitecantropo? Eu diria que tem hora em que penso nisso mesmo, seriamente, diante do que está se passando, todo mundo sabe, nas cidades. Mas afinal não preciso ser assim tão rígido em minhas escolhas. E diria mais, diria que sou de fato um grande entusiasta da vida burguesa, da vida nessas grandes metrópoles modernas onde todos os meios se concentram e se confundem, sou um entusiasta da cultura urbana e cosmopolita. 

Interesso-me por tudo que possa ser observado ou, na medida de meu possível, praticável. Vejo na TV, por exemplo, muitos filmes, mas já que estamos falando de documentários, assisto também todo tipo, um amplo leque de temas, da construção de pontes ao mistério do buraco negro, da história de Constantinopla à vida dos chimpanzés em cativeiro, do que provoca os furacões na Flórida ao holocausto nazista, da migração das borboletas Imperiais ao modo como se organiza um cupinzeiro, tudo tudo atrai meu interesse, e é um interesse vivo, tanto que cada novo conhecimento se fixa firmemente na memória. Parentes e amigos que me conhecem há muitos anos sabem como funciona essa loucura.

Mas também sou meio roceiro nesse sentido de que aprendi, com o passar dos anos, a prezar essa virtude indígena e cabocla de que falei acima, da experimentação não especializada, da vivência do inteiro processo artesanal, da extração e do beneficiamento das matérias a partir da base, da terra. 

É sempre bom derrubar a ilusão das fronteiras, dos limites, das superioridades e inferioridades, as fronteiras artificiais artificializam as relações humanas e as pessoas.

Meu grande amigo Luc Pereira, de novo ele, profissional especializadíssimo, competentíssimo, do ramo do Direito, recentemente, com a vida feita ao cabo dos cinquenta anos, começou a desenvolver uma série de atividades novas. A última delas é a marcenaria. Se eu disser para ele que eu tenho alguma participação nessa sua, digamos, libertação, é capaz de concordar, nem que seja só para afagar meu ego. Advogado é bicho malandro até quando ama.

Mas esse malaco véi é muito estrito em seus procedimentos e a primeira providência foi matricular-se num curso básico, claro. Contou-me o que faria uns meses atrás e desde então não se falou mais nisso. Um dia desses eis que do nada recebo dele um zap que me deixou de olhos vidrados. A mensagem continha a fotografia do primeiro objeto que ele produziu sob o comando do mestre de ofício: nada mais nada menos do que a caixa de ferramentas de sua futura oficina particular. Não, não dá ponto sem nó. A coisa estava que uma beleza na foto: branquinha, lixadinha nos menores detalhes, curtida, perfeita. Quisera te-la nas mãos mas, que pena, vivemos em cidades diferentes e, por enquanto, o encontro pessoal é para nós um luxo inestimável. Haverá o momento, mal posso esperar para rever meu doce amigo e contemplar sua primeira e primorosa obra. 

Na época do tal zap eu tinha acabado de assistir no Youtube um vídeo com o passo a passo da fabricação artesanal de uma casa típica dos povos nômades da Mongólia. Vi o modo como esquentam no vapor os paus roliços usados no quebra-cabeça que é a grande barraca, compondo uma espécie de kit de montar. Só assim eles se tornam flexíveis o bastante para que possam ser moldados em pesadas prensas de madeira que os artesãos manipulam lateralmente usando com habilidade todo o peso do corpo. É sensacional! Além disso, chamou minha atenção um instrumento de que se servem para raspar e dar acabamento aos componentes da estrutura, uma lâmina curva com dois cabos, muito eficaz quando puxada de baixo para cima na direção do peito, com ímpeto mas cuidado.

Ao ver a caixa de ferramentas novinha em folha de Luc Pereira, enviei para ele o link e assinalei a esperteza desses instrumentos ancestrais dos mongóis, por incrível que pareça, ainda em uso. 

A respeito da faca de dois cabos, ele disse: "um dispositivo desses não tem mais nenhuma relevância no contexto da marcenaria moderna", ponto.

Respondi: "tudo bem, mas lembre-se que cada civilização tem soluções técnicas testadas por milênios, por dezenas, centenas de gerações, e poucas coisas nesse mundo talvez mereçam ser mais respeitadas e preservadas do que tais saberes em vias de extinção, concorda? Ademais, a natureza do instrumental mecânico determina em boa parte, (1), o formato do objeto criado e em consequência, (2), o conteúdo simbólico que ele encerra e emite na direção de quem o utiliza ou usufrui, assim como, (3), o conjunto de potências físicas e estéticas que o artífice deve empregar na consecução de cada etapa da produção. Assim sendo, podemos dizer que, utilizando a faca de dois cabos tão eficiente ao modo mongol, promovemos o fortalecimento das vias que vão do muscular ao espiritual e vice-versa e abrimos um vasto campo de aprendizado aos sentidos a partir do embate físico, braçal, manual, com a madeira em estado bruto. Claro, podemos comungar o uso de instrumentos mecânicos e manuais, também não precisamos nos ater estritamente à técnica tradicional como fazem certos metalúrgicos artesanais japoneses ainda ativos, conservadores renitentes. O importante, eu acho, é algum grau de diálogo direto entre a alma corpórea e a matéria desde a fonte, pois aprendi, em minha própria prática com a argila, coisa moldável por excelência, que o espírito plasticiza-se enquanto produz objetos e constrói e reconstrói ferramentas próprias desde a base".


Em relação a Luc Pereira me sinto plenamente confortável ao forçar limites, algo que podemos fazer com muito poucas pessoas, infelizmente, então que lancei, em seguida, a questão mordaz desafiadora: "ora, então tudo o que Sua Excelência pretende é criar um objeto útil?"

Esse meu companheiro de estrada é deveras um sujeito da melhor qualidade e, após refletir por uns minutos, retorquiu, curto e fino: "você tem razão, meu caro, vamos deixar para trás esse pragmatismo rasteiro da nossa civilização industrial. E falo isso sem ironia nenhuma, pode acreditar".

Não achei que fosse ironia.

Assim é nossa relação: segue adiante porque desanda.

Eis que em minhas pesquisas visuais acabo topando com o artista sutil do link abaixo. O sujeito tem um canal no Youtube muito simpático em que registra o cotidiano de sua atividade. Cada capítulo mostra a produção de um objeto útil ou decorativo de metal ou metal e madeira. Trabalha as duas matérias com a mesma devoção e sabe conjugá-las com maestria. Sua oficina é pequena mas muito bem equipada e o homem não hesita em lançar de todos os meios disponíveis, artesanais ou mecânicos, para atingir seu objetivo de criar algo entanto belo e eficientíssimo. Quando surge uma nova necessidade, inventa a ferramenta ou equipamento de base necessários, se preciso for, o cara é foda! De vez em quando, ele e sua "equipe de filmagem" produzem pequenos takes graciosos de suas idas e vindas à roça, à horta e aos campos dos arredores, momentos lúdicos e produtivos que são também pausas de descanso muito necessárias à obra penosa e perigosa da metalurgia. É como se nos aconselhassem: não fiquemos demais em cima de uma mesma coisa, é contraproducente!

https://youtu.be/_8ZCPQmD3so

Notem que, em certo ponto da aula, ele faz uso de uma faca de dois gumes semelhante à dos mongóis para produzir o cabo de um instrumento de lenhadores que eu desconhecia, chamado froe, em inglês, uma lâmina pesada e larga voltada para baixo com um cabo que permite mantê-la firme para que seja martelada com força no anverso, na direção do veio das toras, de modo a partir lascas de madeira maiores ou menores para diversos usos.

Pelo jeito, Luc, a tal faca mongol tem lugar mais do que garantido na oficina moderna, você estava redondamente enganado, meu caro.

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